O terceiro workshop do Programa de Aceleração da Plataforma Parceiros pela Amazônia reuniu os empreendedores nos dias 26 e 27 de junho, em Manaus, e abordou o tema da Gestão para startups.
A atividade foi estruturada em quatro módulos: Gestão de talentos (facilitação de Rafael Ribeiro, da NESsT); Metodologias ágeis (facilitação de Diego Siqueira, da 4Four it); Gestão contábil (facilitação da contadora Silvana Macedo); Gestão de custos e precificação (facilitação de Leonardo Ragazzini, da UFAM).
Na visão da economista Ana Carolina Bastida, Coordenadora do Programa de Aceleração, este terceiro encontro foi importante para aprimorar processos de gestão interna dos negócios acelerados. “Os empreendedores já passaram por formações de planejamento estratégico, mensuração de impactos e marketing, agora é a hora de olhar para dentro dos negócios e arrumar a casa e se estruturar, para crescer e receber investimentos”, avalia.
Um jogo de tabuleiro deu início à programação. Elaborado pela NESsT, o jogo Got Talent aborda 12 competências – julgamento, credibilidade, refinar, estratégia, recrutamento, mensuração, operações, feedback, qualidade e consistência, parcerias, conhecimento e network. Rafael Ribeiro guiou a participação dos empreendedores, que logo se viram desafiados a estabelecer comunicação com seus pares no jogo por meio de diferentes possibilidades – mímicas, tradução de palavras, descrição de situações associadas a determinadas palavras. Reunidos em mesas, os pares formados concorriam entre si, pois apenas uma dupla sairia vencedora por mesa.
“Quando a gente gamifica qualquer processo, o aprendizado torna-se em agradável. Brincamos, mas também aprendemos. Se fosse uma palestra talvez a gente não tivesse tanta atenção”, avalia Glauco Aguiar, da Manaós Tech, um dos negócios acelerados pelo Programa da PPA. “O início do jogo foi o mais complicado, porque não tínhamos entendido bem as regras. Então fomos jogando e aprendendo. Parece até com o empreender, a gente vai aprendendo as regras do jogo ao longo do processo”.
Para Aline Iglesias, da Awi Superfoods, o aprendizado que ficou do jogo foi a necessidade de colaboração. “Quando as pessoas de uma organização se comunicam e compartilham suas ideias, tudo flui bem. Tanto é que aqui a gente terminou o jogo bem antes das outras mesas. Tivemos colaboração entre todas as duplas”.
Outros pontos de atenção levantados pelo jogo foram a necessidade de domínio e entendimento dos conceitos do campo de negócios e a importância de valorizar as competências das pessoas de modo estratégico.
Rafael Ribeiro apresentou ainda aos empreendedores uma metodologia sobre gestão de talentos, apontando sete estágios do desenvolvimento de talentos de uma organização: atração e recrutamento; avaliação e seleção; integração; treinamento e desenvolvimento; gestão de desempenho; retenção; planejamento de sucessão. Para cada estágio foram apresentadas ferramentas adequadas.
Ao longo do processo, os empreendedores apontaram casos em suas próprias organizações que exemplificavam os estágios, ou mesmo apontavam dúvidas sobre como avançar nas questões de seleção e retenção de talentos.
“Na Manioca havia um turnover (rotatividade de pessoas) muito grande na equipe. Até que percebemos que era preciso focar muito mais nas pessoas do que na qualificação. Com as pessoas alinhadas ao processo, paramos de ter esse turnover. Isso dá trabalho, demanda o desenvolvimento de novas competências, porque geralmente são pessoas mais jovens, mas elas criam um vínculo com o propósito do negócio”, relatou Joanna Martins.
A empresa 100% Amazônia já pensa no estágio de sucessão: “A coisa mais importante é definir os propósitos da companhia e buscar pessoas que se identifiquem com eles. Tivemos uma experiência com uma estagiária que esteve conosco por um tempo, saiu para buscar outras experiências e voltou perguntando sobre plano de carreira. Ela passou a ser nossa coordenadora de qualidade, e está conosco há seis anos. Já recebeu outas propostas, mas continua com a 100% Amazônia”, relatou Joziane Alves,
Karina Lobato, a ex-estagiária da 100% Amazônia e hoje responsável pelo setor de qualidade, apontou o que foi determinante para seu retorno e permanência: “Na 100% Amazônia redescobri valores com os quais eu cresci, e isso foi muito bom. Fui alinhando minha vida, hábitos, à filosofia da empresa”.
Rafael pontuou, ao fim do workshop, que o conhecimento mobilizado para a realização do workshop teve muito mais a função de sensibilizar os empreendedores e promover abertura para compartilharem suas reflexões com o grupo. “Não temos a menor ideia do impacto que um workshop como esse pode ter na vida e na história dessas organizações. Me sensibiliza muito ouvir como a atuação deles mudou a partir de interações como essa. Que muitas vezes são rápidas, e pensamos que são efêmeras, mas podem ter uma reverberação muito grande se tocarem as pessoas”.
Agilidade, gestão contábil e financeira
O workshop apresentou aos empreendedores também metodologias para mindset, formação de times ágeis e técnicas de feedback, com Diego Siqueira, da 4Four-It. Diego destacou como indivíduos e interações são tão importantes quanto processos e ferramentas, abordando metodologias como grupos focais no desenvolvimento de produtos e serviços, a importância de ouvir o cliente e como responder a mudanças, no caso dos negócios de impacto em especial, mostra-se muitas vezes mais adequado do que seguir um plano traçado.
Os empreendedores participaram de dinâmicas que buscaram fazer com que percebessem a relação entre seus propósitos de vida e os de seus negócios, e foram estimulados a aplicar o mesmo processo junto aos colaboradores de suas organizações.
Diego apresentou ainda a ferramenta Kanban, que permite o acompanhamento de todas as atividades em execução pela organização de modo visual, proporciona um feedback rápido e ajuda a medir ciclos de tempo mobilizados para cada tarefa. Outras metodologias de feedback e métricas abordadas por ele foram Hapiness Canvas e Retorno do Investimento (ROI)
“Sempre estou conectado com o universo das startups aqui da região. Mas trabalhar com um programa de aceleração focado exclusivamente em produtos sustentáveis é a primeira vez, e tenho achado essa oportunidade maravilhosa. Tenho visto uma série de produtos que eu jamais imaginava que já estivessem no mercado”, avalia Diego.
Os empreendedores foram também apresentados a boas práticas e ferramentas em gestão contábil por Silvana Macedo e trabalharam gestão de custos e precificação, com Leonardo Regazzini, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
“No início do workshop eu tinha duas palavras para definir o que estava acontecendo ali: cooperação e colaboração. E saio com mais uma, que é conexão. Eles me ajudaram com algumas demandas que tenho em Carauari e eu pude ajuda-los a fazer conexões”, avalia Silvana.
O próximo workshop acontecerá em agosto de 2019, e abordará o tema Storytelling e negociações de sucesso.
Sobre a PPA
A Plataforma de Parceiros pela Amazônia (PPA) nasceu com o objetivo de liderar a construção de soluções inovadoras para o desenvolvimento sustentável na Amazônia junto a empresas e o setor privado, priorizando investimentos em negócios de impacto socioambiental. Na prática, a PPA atua na incubação e aceleração de empreendedores, na realização de estudos estratégicos para ampliação de investimentos e por meio da parceria entre empresas, comunidades e governos.
Atualmente, a coordenação executiva da PPA é exercida pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), a Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM) e o Instituto Peabiru.
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