Em tempo de isolamento social, empreendedores da turma 2020 do Programa de Aceleração da PPA participaram, no último dia 02 de abril, do primeiro webinar sobre a construção do Modelo C – que ajuda negócios de impacto a apresentar em um só documento sua teoria de impacto e projeções financeiras -, integrando ferramentas eficientes e indicadores de sustentabilidade.
Embora a atividade já estivesse prevista no cronograma de atividades, o uso desse tipo de ferramenta pode se tornar mais frequente a depender dos desdobramentos da pandemia do coronavírus.
O webinar aconteceu como desdobramento do primeiro workshop presencial de 2020, realizado em fevereiro. Na ocasião, o grupo participou de uma imersão para conhecer o Modelo C e elaborar suas Teorias de Mudança e matrizes de indicadores. O encontro virtual aconteceu para auxiliar na finalização desse trabalho. A construção do Modelo C de cada um deles prossegue ao longo do Programa, já que o fluxo operacional dos negócios será trabalhado nos próximos encontros.
“A estratégia é sempre promover esses webinars pós oficinas presenciais, para conversarmos sobre impressões e reflexões. Nesse caso, são dúvidas levantadas durante a construção da Teoria de Mudança e da matriz de indicadores que eles trouxeram após conversarem com suas equipes”, avalia Ana Carolina Bastida, coordenadora do Programa de Aceleração da PPA.
Antônio Ribeiro, da Move Social, parceira responsável pelo desenvolvimento do Modelo C junto aos empreendedores, avaliar que o webinar cumpriu bem o papel a que se propôs, que era manter aquecida a comunicação entre o grupo, ativar a rede e avançar no fechamento dos dois produtos previstos para o início do Programa – a Teoria de Mudança e a matriz de indicadores.
“Eles receberam materiais base para trabalhar e esse encontro virtual foi um momento de checagem, para saber como estavam avançando, mapear dificuldades. A intenção, pelo avanço que conseguirmos, é que todos estejam com isso pronto até o dia 14 de abril”, diz Antonio. Outro ponto destacado por ele é a mobilização dos empreendedores e empreendedoras para os desafios da pandemia, tornando-se também o encontro um momento de escuta coletiva e compartilhamento de soluções.
Ana destaca também os reflexos do isolamento social no planejamento dos negócios. Muitos dos empreendedores que precisam ir a campo, no relacionamento com comunidades, terão que fazer uma parada forçada nessa movimentação. E isso se reflete também na construção dos indicadores dos negócios.
“Esse webinar foi importante para eles conversarem sobre como estão vivenciando essa crise e os impactos, principalmente em queda de produção e receita. A Cacauway, por exemplo, vai ter uma queda importante nas vendas, que costumam crescer nessa época do ano por causa da Páscoa. A Academia Amazônia Ensina está suspendendo suas expedições, com retomada prevista para o segundo semestre. A Tucum interrompeu o contato com as comunidades indígenas. A Taberna da Amazônia tem desafios logísticos. Conversamos um pouco sobre algumas estratégias que estamos mapeando para ajuda-los a minimizar os efeitos da crise, e vamos também atualizar o cronograma de atividades do Programa de Aceleração nas próximas semanas”, aponta a coordenadora do Programa.
Sentimento de rede fortalece empreendedores e empreendedoras
Andrezza Olival, do Instituto Ouro Verde (IOV), organização que atua auxiliando pequenos agricultores familiares reforçando a produção com a adoção de práticas sustentáveis e dinamizando a geração de renda, destaca o fortalecimento provocado pelo contato com os parceiros de Programa, mesmo que virtual: “Ver outras pessoas que estão na mesma situação que a gente por si só já fortalece cada um de nós. Estamos em isolamento em casa, respeitando as outras pessoas e os ambientes em que a gente convive. Trabalhamos com uma população da agricultura familiar que é idosa em sua grande maioria, então tivemos que realmente parar. E isso, claro, traz consequências. O IOV já passava por algumas dificuldades antes desse isolamento, mas agora com certeza a gente tem que se reformular. E nesse grupo do Programa de Aceleração a gente se fortalece na troca com as pessoas que também estão com limitantes semelhantes aos nossos. Sempre surgem estratégias em que a gente não pensou e que muitas vezes podem nos ajudar também. E avançar na Teoria de Mudança e nos indicadores desse modo coletivo, compartilhar as dificuldades e reflexões, também ajuda a gente a avançar individualmente. ”
A Tucum Brasil, negócio que trabalha com comercialização de arte indígena, se organiza para manter os pagamentos às comunidades e o planejamento de compras do semestre. “Temos o dinheiro em caixa, devido aos investimentos que aconteceram no negócio, e temos que fazer a roda girar. Estamos com frete grátis em todo nosso site e com descontos progressivos, tudo para enxugar onde dá e manter as coisas funcionando. Nesse momento nossa maior preocupação é que a Covid 19 não chegue aos territórios indígenas. A gente acredita que mantendo a economia da floresta ativa, comprando o artesanato das comunidades, mesmo que não consigam enviar ainda o material, ajudamos nisso. Garantindo renda para elas. A Tucum está com pedidos parados de várias etnias, mas estamos pagando todo mundo. Vou continuar com as encomendas e elas serão enviadas quando possível”, diz Amanda Santana, diretora executiva e criativa da Tucum.
Hélia Félix, da Cacauway, empresa que fabrica chocolates amazônicos, destaca a solidariedade entre o grupo nesse momento de crise: “os trabalhos não param, e há uma importância muito grande nesse processo de as pessoas se ajudarem, tentarem fazer algo para minimizar todo esse impacto que está sendo causado pela Covid 19. O Programa não para. Mesmo que não pudermos nos encontrar presencialmente agora, porque tínhamos um segundo workshop agendado para abril e que vai ter que ser remarcado, seguimos nos reunindo para atravessar esse temporal. ”
Maria Eugênia Tezza, da Academia Amazônia Ensina, negócio que oferece as Expedições Amazônia 21, formações imersivas desenvolvidas para difundir e debater temas relacionados à sustentabilidade, avalia que o momento do encontro virtual foi muito produtivo para tirar as dúvidas sobre as matrizes de indicadores e a Teoria de Mudança: “Reunimos todo mundo e mantivemos nossos corações aquecidos e firmes na nossa ideia de gerar impacto positivo, apesar do momento que o Brasil e o mundo vivem com essa pandemia. ”
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