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Oficina em Altarmira aborda pagamentos por serviços socioambientais

Foto: Divulgação AMAZ

A AMAZ e dois dos negócios de seu portfólio – Mazô Maná e Simbiótica Finance – realizaram, no mês de maio, uma oficina em Altamira, no Pará, abordando Pagamentos por Serviços Socioambientais (PSSA).

Duas frentes foram foco deste encontro: o início de uma articulação para construção de uma metodologia para PSSA não limitada a carbono, mas sim levando em conta a proteção integral do território por povos originários, ribeirinhos e quilombolas; e a estratégia da Mazô Maná na relação com fornecedores comunitários, especialmente focada na Rede de Cantinas da Terra do Meio, definida a partir de comércio justo com pagamentos adicionais a partir de toda a valorização do modo de vida da comunidade.

A modelagem de negócios da Mazô Maná foi o catalisador para a realização da oficina, que reuniu também outros parceiros como iCS (Instituto Clima e Sociedade), SBSA (Szazi, Bechara, Storto, Reicher e Figueiredo Lopes Advogados) e Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia).

O grupo visitou a sede da Mazô Maná e participou de uma expedição, organizada em parceria com a Mazô Maná, que incluiu uma visita à sede do negócio em Altamira, e também a uma das comunidades parceiras da Resex Rio Iriri. Alguns dos ingredientes do primeiro produto da Mazô Maná, que será lançado em breve, são provenientes da região, e os participantes da expedição puderam provar em primeira mão o produto.

“Dialogamos sobre novos modelos de PSSA, que podem gerar um incremento de renda importante para as comunidades da floresta, associada à venda dos ingredientes. Como vemos nos mapas de desmatamento da Amazônia, é nítido que onde tem povos da floresta, tem floresta em pé.  Isso ocorre em grande parte pelo modo de vida dessas populações, que resulta em importantes serviços à sociedade como o monitoramento de invasões das florestas, conservação da biodiversidade, dentre outros”, destaca Marcelo Salazar, CEO da Mazô Maná.

A intenção é desenvolver uma metodologia que seja replicável: “A ideia é que o que está sendo construído seja também adaptável a outras regiões da Amazônia. Isso vai demandar inserir novos atores para essa discussão. Estamos dando aqui o primeiro passo de uma coisa maior. A Mazô Maná está conosco como catalisadora de uma metodologia que vai precisar do envolvimento de outras organizações para ser viabilizada”, avalia Gabriela Souza, coordenadora de aceleração da AMAZ.

Victoria Bastos, coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais do Idesam, destaca que o que se pensa para essa metodologia de PSSA tem semelhanças com o conceito de fair trade, presente no mercado de cadeias produtivas, mas vai além do que seria um PSSA totalmente atrelado ao produto que os fornecedores entregam.

“É uma estratégia maior, que não envolve somente fornecedores e a relação comercial, mas envolver a Resex inteira. De poder ter um recurso adicional ao que eles já conseguem pela Rede de Cantinas com a venda e elaboração dos produtos, que possa garantir a sustentabilidade a longo prazo dessas organizações. E o formato poderia ser um PSSA não limitado a carbono, e sim que possa considerar outros recursos e serviços ambientais da Reserva, conservada pelo modo de vida de quem vive lá. Provar que isso tem relação com a conservação da floresta.”

Foto: Divulgação AMAZ

Rafaela Romano, cofundadora da Simbiótica Finance, destaca que o grupo fez o exercício, a partir de modelos existentes de relações com as comunidades, de destacar quais os parâmetros que precisam ser melhorados e aqueles que não devem ser repetidos.

“Alguns dos pontos levantados são a viabilidade de um sistema de PSSA para pequenas comunidades, um modelo em que o dinheiro para execução do processo não seja maior do que o dinheiro que se destina para as comunidades; e a complexidade de se criar um modelo cuja compreensão seja factível tanto para quem já lida com mercado de carbono como para as comunidades. Conversamos muito sobre a possibilidade de ter, como indicador de serviço ambiental a ser pago, a própria gestão do território sendo feita a partir do estar na floresta. O caminhar/navegar pela floresta como responsável pela gestão territorial e conservação. Temos esse ciclo virtuoso de conservação relacionada à existência”, avalia.

Aline Souza, do escritório de advocacia SBSA, que assessora a AMAZ e os negócios de seu portfólio, destaca a potência do trabalho da aceleradora na conexão entre empreendedores e com pessoas relevantes do ecossistema de impacto socioambiental.

“Em termos jurídicos, é uma oportunidade na agenda regulatória atual caminhar com proposições de soluções de mercado para a valorização do modo de vida tradicional, de quem mora na floresta, e como isso se conecta com a produção econômica. Vivemos ainda um cenário de regulação muito básica com relação ao mercado de carbono, o que traz uma oportunidade para agentes de mercado que querem trazer inovação e têm compromisso com essa geração de impacto socioambiental positivo.”

Ela avalia que experiências bem consolidadas,  criando bons casos de sucesso, podem inspirar futuramente a elaboração de políticas públicas no momento em que o Brasil volta a ser muito observado com relação aos investimentos e ações para proteção da Amazônia.

A SBSA está à frente de um projeto de definição de diretrizes e recomendações para a realização de contratos justos entre comunidades e empresas na Amazônia, que conta com diversas organizações em seu conselho consultivo, dentre elas o Idesam. Aline destaca que a metodologia está ancorada em três princípios: só é justo se der para entender; só é justo se diminuir assimetrias; e só é justo se melhorar a vida das pessoas.

“Seguindo essa metodologia dos contratos justos, a gente acredita que é possível contribuir para um novo patamar de negociação com comunidades, valorizando o protagonismo delas, o seu modo de vida tradicional e o impacto positivo socioambiental ao mesmo tempo em que a gente gera positivamente soluções financeiras  para as pessoas envolvidas”, completa.

Rodrigo DuarteAMAZ

Negócios do portfólio da AMAZ participam da Natural Tech

Foto: Rodrigo Duarte/AMAZ

Nos dias 14 a 17 de junho, negócios do portfólio da AMAZ participam da Natural Tech, maior feira de produtos naturais da América Latina.

Na’kau, que produz chocolates com cacau nativo da Amazônia, e Mahta, que produz superfoods com ingredientes amazônicos, estarão com estandes próprios durante a feira.

A Mahta, além de seu já conhecido produto de superfoods em pó, tem novidades e lançamento de um produto novo no mercado. 

Soul Brasil, Manawara, Manioca e Amazonique, também integrantes do portfólio da aceleradora, estarão presentes por meio do Programa Amazônia em Casa Floresta em Pé, que terá um ponto de venda incluindo dezenas de marcas que fazem parte do Programa.

Em 2022, o Programa participou pela primeira vez da Natural Tech, promovendo as marcas amazônicas e o lançamento de produtos. Foram vendidos 4.627 produtos, perfazendo um total de R$ 137.854,20.

Neste ano, a participação se dá com um estande de 25m², trazendo a experiência de um grande empório amazônico. A expectativa é pelo fortalecimento do projeto como um todo e das marcas no mercado. 

Criado em 2020, o movimento Amazônia em Casa Floresta em Pé é coordenado pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), pela AMAZ Aceleradora de Impacto e pela Climate Ventures, e tem como propósito destravar o acesso ao mercado para os produtores da sociobiodiversidade amazônica.

Tem como apoiadores Mercado Livre, a maior plataforma de e-commerce da América Latina, Fundo Vale, GIZ, CLUA, Instituto humanize e Instituto Clima e Sociedade.

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Cumbaru dá início à implementação de sistemas agrossilvipastoris regenerativos

Foto: Pedro Nogueira/Cumbaru

O Sítio Conquista, em Alta Floresta, no Mato Grosso, é a primeira propriedade parceira da Cumbaru na implementação de sistemas agrossilvipastoris regenerativos. 

As atividades estão sendo desenvolvidas em 20 hectares de área, e até o momento já há produção de leite, transferência de embriões formados em laboratório para produção de bezerros de corte livres de desmatamento e preparação de silagem para complementar a alimentação dos bovinos no período da seca. 

“Essa primeira parceria, com o Sr. Gilmar, representa muito para a Cumbaru. Estamos agora, de fato, no início do processo para produzir alimentos e outros produtos com baixa emissão de carbono e livres de desmatamento na Amazônia.  Tudo isso viabilizando o acesso de agricultores familiares a recursos financeiros e conhecimento técnico para implementação de boas práticas agropecuárias, uma das principais dores deste grupo”, analisa Pedro Nogueira, Cofundador e CEO da Cumbaru.

Por meio das parcerias rurais da Cumbaru serão produzidos leite, bezerro de corte desmatamento zero, banana, madeira, produtos florestais não madeireiros, como o baru, e carbono florestal. O componente florestal e agrícola do sistema agrossilvipastoril será implantado a partir da safra 2023/2024.

Coex Carajás divulgação

COEX Carajás deixa portfólio da AMAZ

Foto: Divulgação COEX Carajás

A COEX Carajás (Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás), acelerada em 2020, concluiu neste ano o pagamento das prestações do financiamento captado e deixa agora o portfólio da AMAZ aceleradora de impacto. Foram investidos cerca de R$ 400 mil na cooperativa, pela AMAZ e outros financiadores. 

A cooperativa trabalha com extração e comercialização da folha do jaborandi, da qual são produzidos remédios para glaucoma e câncer, e também com sementes de espécies utilizadas para reflorestamento, extraídas a partir da Floresta Nacional de Carajás (Flona de Carajás). 

De todo o processo de aceleração e financiamento, o primeiro do tipo do qual a cooperativa participou, Ana Paula Nascimento, presidente da COEX, destaca como principal legado o poder de negociação: 

“Temos melhor poder de negociação. A gente usou esse recurso e os investimentos que a gente fez para dizer para as empresas que merecemos mais. Os investimentos que fizemos na estrutura da cooperativa, na logística, para oferecer um produto com qualidade, mais valorizado e com preço melhor, contribuíram muito para melhorarmos as negociações com os compradores. Os últimos dois anos foram os melhores em negociação do jaborandi desde o início da nossa cooperativa. Isso fez muita diferença.”

O recurso do financiamento auxiliou na compra de uma caminhonete para o transporte dos produtos da Flona de Carajás até o galpão de armazenamento, reforma do galpão e compra de uma sede própria no centro da cidade em que está localizada, Parauapebas, no Pará. 

Outros pontos levantados por Ana que merecem destaque são a capacitação dos cooperados, a compra de equipamentos de GPS para garantir rastreabilidade e as condicionantes de mapeamento das matrizes por parte de empresas compradoras, um acervo de livros sobre árvores brasileiras para facilitar a identificação das espécies na coleta de sementes e a divulgação do trabalho da cooperativa pela própria AMAZ.

Foto: Ana Paula Nascimento/Divulgação COEX

“A capacidade da cooperativa em participar desse tipo de processo de aceleração veio também a partir da Chamada da AMAZ, nossa primeira. E nossa capacidade de organização melhorou muito. Conseguimos nos manter durante a pandemia da covid-19, com muita adaptação e garantindo a renda dos cooperados.”

Nesse tempo, a cooperativa não só se manteve ativa, como ampliou a venda de sementes, fazendo entregas em cidades do Pará e em outros estados como São Paulo, Tocantins e para o Distrito Federal. 

“O sucesso da COEX comprova o potencial de cooperativas como negócios de impacto na Amazônia. O desenvolvimento da cooperativa no tempo em que nós pudemos apoiá-la foi exponencial, e nos ensinou muito enquanto testamos um instrumento de investimento, que foi o empréstimo. Desejamos sucesso à COEX em seus próximos passos, que ela siga crescendo muito como negócio e possa expandir suas operações para além da Flona de Carajás”, diz Mariano Cenamo, CEO da AMAZ e diretor de novos negócios do Idesam.

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Soul Brasil já exporta produtos para seis países e celebra novos clientes no Brasil

Foto: Arlindo Filho/Soul Brasil

A Soul Brasil Cuisine, negócio que integra o portfólio da AMAZ aceleradora de impacto e promove a valorização de ingredientes amazônicos e de outros biomas em produtos gastronômicos como molhos de pimenta com frutas, vinagres e geleias, vem se destacando nos radares internacionais.

Hoje a empresa de Letícia e Peter Feddersen exporta produtos para os EUA, Caribe, França, Singapura, Malásia e Tailândia. E segue em negociação com Japão, Taiwan e Paraguai.

Recentemente, recebeu a visita de uma delegação de compradores de seis importantes redes da América Latina – da Colômbia, Peru, Uruguay, Costa Rica e Bolívia -, que estiveram em São Paulo, onde está sediada a Soul Brasil, participando de um evento da APAS (Associação Paulista de Supermercados).

“Para nós, isso é o reconhecimento de que estamos no caminho certo, e que nossos produtos contribuem para divulgar o Brasil por meio de seus sabores”, analisa Letícia Feddersen.

“Começamos a Soul Brasil, eu e Peter, motivados pela ausência de produtos que traduzissem a diversidade de sabores da culinária brasileira em outros países. E hoje, como pequena empresa, estamos conseguindo avançar nessa direção, difundindo brasilidade na cozinha, no país e no mundo.”

No Brasil, a empresa também tem clientes como os empórios gastronômicos Casa Santa Luzia e Quitanda, a pousada Ronco do Bugio e os restaurantes Capim Santo, Selvagem e Vista Jardins.

Além de linhas próprias de produto, a Soul Brasil também trabalha com desenvolvimento para grandes marcas, como a Dengo – para a qual criou uma geleia de cacau – e faz cocriações, como o chutney de manga e pimenta assîsî, com a chef Carla Pernambuco, e a geleia orgânica de abacaxi, gengibre e capim santo, com a chef Morena Leite.

Dentre os ingredientes utilizados pela empresa em seus produtos estão pimenta assîsî, pimenta baniwa, açaí, guaraná, cumuru, cacau, cupuaçu e frutas tropicais.

A Soul Brasil possui certificação orgânica para venda no Brasil e outras certificações específicas para exportação para Europa e EUA. E conta ainda com o selo Origens Brasil, que atesta o comércio justo com as comunidades.

Nova identidade visual e novos produtos em 2023

Com a Casa Rex, a Soul Brasil ganhou uma nova identidade visual, que melhor traduz a diversidade e a riqueza do universo alimentar brasileiro que se propõe a difundir mundo afora.

Da mudança na distribuição dos elementos visuais à escolha das cores e a uma maior organicidade nos rótulos, as embalagens agora trazem ainda mais informações, como sugestão de uso.

O novo logo da empresa também traz a diversidade na tipologia escolhida pela Casa Rex.

E a mudança vem com o lançamento de novos produtos, como geleias de banana e açaí, banana e cacau, manga e cumaru, molhos de açaí e vinagre, cupuaçu e vinagre, além de uma série de molhos de pimenta.

“Os planos da Soul Brasil incluem se consolidar cada vez mais em redes e empórios gastronômicos no Rio e São Paulo, em hotéis e parcerias com outras grandes marcas, com o objetivo de atingir nosso break even ainda este ano. E ao mesmo tempo seguimos abrindo mercados internacionais e ao mesmo tempo abrir os mercados internacionais com parcerias que alavanquem o negócio. Sempre levando sustentabilidade, os sabores, visando o impacto positivo para as comunidades”, analisa Letícia.